O Brasil vem se consolidando como uma das principais potências em geração de energia eólica nas Américas. Segundo dados do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC), as Américas — incluindo América do Norte, Central e do Sul — devem adicionar 60 gigawatts (GW) de capacidade eólica até 2023, impulsionadas por políticas públicas, leilões competitivos e investimentos em infraestrutura.
Em 2018, a região respondeu por 25% da capacidade instalada global, com um total acumulado de 135 GW, um crescimento de 12% em relação ao ano anterior. O avanço reflete o compromisso das nações americanas com a transição para fontes renováveis e menos poluentes, com destaque para a América Latina, que ainda apresenta um enorme potencial inexplorado.
Brasil se destaca na liderança regional
Na América do Sul, o Brasil lidera com folga. Somente em 2018, o país adicionou 2 GW à sua matriz energética proveniente do vento. A atratividade do mercado nacional é reforçada pelos preços competitivos: leilões realizados naquele ano registraram valores de apenas US$ 20 por megawatt-hora (MWh), considerados altamente competitivos no cenário internacional.
Reive Barros, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, destaca a importância da fonte eólica na matriz brasileira. “O Brasil tem hoje capacidade instalada de 14,7 GW, representando cerca de 8% da nossa matriz. A meta é alcançar 13% nos próximos dez anos”, afirmou.
Nordeste concentra 85% da produção nacional
O protagonismo do Brasil no setor é sustentado, principalmente, pela Região Nordeste, responsável por 85% da produção nacional. Estados como Rio Grande do Norte, Bahia e Piauí se tornaram polos estratégicos de geração, graças ao vento constante, à infraestrutura favorável e aos incentivos fiscais.
“Num prazo mais longo, contudo, a Bahia deverá assumir a liderança, por suas dimensões territoriais e potencialidades”, projetou Barros.
A combinação entre condições naturais ideais e avanços tecnológicos tem impulsionado a instalação de novos parques eólicos em ritmo acelerado, consolidando o Brasil como um dos líderes globais do setor.
O Ministério de Minas e Energia já planeja dois novos leilões de energia eólica para 2025: o primeiro no primeiro semestre, com prazo de quatro anos para execução, e o segundo no segundo semestre, com conclusão estimada em seis anos.
“Nossa meta para a energia eólica no Brasil é crescer 2,2% ao ano”, reforçou o secretário.
América Latina em expansão
Além do Brasil, outros países da América Latina também vêm ampliando sua participação no setor. Em 2018, a capacidade instalada na região cresceu 18,7% em relação ao ano anterior. A Colômbia, por exemplo, realizou seu primeiro leilão de energia eólica em fevereiro de 2019, marcando o início de uma nova fase para o país no setor de renováveis.
“O desenvolvimento do mercado de energia eólica na América Latina é bastante positivo. O Brasil manteve seus leilões de grande escala, e a Colômbia deu um passo importante com sua primeira licitação. Investimentos na cadeia de suprimentos, como os realizados por fabricantes na Argentina, também demonstram o potencial da região”, afirmou Ben Backwell, diretor do GWEC.