Preço da gasolina praticado pela Petrobras está 17% mais baixo do que o preço internacional

Análise revela diferença significativa nos preços entre a estatal e o mercado global.

Foto: (Edu García/R7)
0 19

Segundo um relatório divulgado na última sexta-feira (22) pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o preço da gasolina comercializada pela Petrobras está atualmente 17% abaixo das cotações do PPI (Preço de Paridade Internacional), que é uma referência internacional do setor. De acordo com o relatório, a diferença entre o preço interno do litro de gasolina e o preço utilizado no comércio exterior é de R$ 0,58.

Por outro lado, o preço do diesel permanece inalterado há 87 dias e é vendido pela Petrobras a um valor 9% inferior ao mercado internacional, que atualmente está R$ 0,32 por litro acima do preço praticado no Brasil.

A Petrobras tem mantido o preço de venda da gasolina inalterado por cinco meses consecutivos. A última alteração ocorreu em 21 de outubro de 2023, quando houve uma redução de 4,09%, resultando em uma queda de R$ 0,12 por litro. Em relação ao diesel, a última mudança ocorreu em dezembro do ano passado, com um corte de R$ 0,30 por litro, equivalente a 7,85%.

Considerando a participação da Acelen, que controla a Refinaria de Mataripe na Bahia, bem como outras pequenas refinarias privadas no país, a defasagem no preço da gasolina é reduzida para 16%, enquanto a do diesel diminui para 8%. A Acelen detém 14% do mercado de refino no Brasil e realiza ajustes nos preços de seus combustíveis semanalmente.

Apesar disso, a gasolina vendida pela Acelen apresenta uma defasagem de 10% em relação aos preços do Golfo do México, enquanto o diesel registra uma defasagem de 7%. A Acelen é controlada pelo fundo de investimento árabe Mubadala, que atualmente está em negociações com a Petrobras para estabelecer uma parceria nas áreas de refino e biorrefino.

Mudança de critério

Apesar da Petrobras ter abandonado o Preço de Paridade de Importação (PPI) como política de precificação, optando por considerar mais os custos internos, a cotação do petróleo e as flutuações cambiais ainda exercem influência sobre os preços dos combustíveis. Isso ocorre devido ao fato de que 25% do diesel consumido no Brasil é importado, assim como 15% da gasolina. Parte desse volume é adquirido no exterior pela própria estatal.

Durante a gestão de Michel Temer (MDB), o Preço de Paridade de Importação (PPI) foi adotado como política de preços da Petrobras, e essa abordagem persistiu ao longo de todo o governo de Jair Bolsonaro (PL). Essa metodologia implicava em flutuações frequentes nos preços internos, refletindo as variações do dólar e do preço do petróleo.

Após sua eleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfatizou a necessidade de uma “abrasileiramento” da política de preços como uma maneira de reduzir os valores dos combustíveis. Em resposta a essa demanda, Jean Paul Prates, presidente da estatal na época, implementou mudanças nessa direção. Com o novo método, sempre que o preço do barril de petróleo sofre aumentos significativos, a Petrobras não repassa imediatamente esses aumentos, resultando em defasagens nos preços em relação ao Preço de Paridade de Importação (PPI).

Especialistas do setor apontam que uma das razões para a defasagem nos preços dos combustíveis é o aumento nos preços globais, que ocorreu ao longo do mês de fevereiro. Esse aumento foi resultado dos programas de manutenção em refinarias, os quais se concentram nesse período no Hemisfério Norte.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.